Anatomia Humana I

A Anatomia é a parte da Biologia responsável pelo estudo da constituição dos organismos multicelulares, ou seja: sua estrutura e organização, tanto internas quanto externas. Essa ciência está intimamente ligada à Fisiologia, já que esta é responsável pelo estudo das funções do organismo.

Os anatomistas, geralmente, têm como objeto de estudo peças dessecadas, previamente preparadas para contemplar esse objetivo. Nessas situações, a observação é feita unicamente a olho nu.

Muito antiga, a Anatomia já foi, outrora, estudada como uma matéria auxiliar da cirurgia. As primeiras ilustrações anatômicas impressas foram feitas no século quinze, embora pouco realistas e bastante primitivas. Alguns artistas renascentistas, como Leonardo da Vinci, deram contribuições notórias para tais representações, feitas de forma mais descritiva e real. Tal artista foi, inclusive, responsável pela nomeação de algumas dessas estruturas.

Não são raras as vezes em que encontramos diferenças entre peças anatômicas de indivíduos da mesma espécie, seja na forma ou mesmo posição. Quando isso ocorre, mas não há prejuízo funcional para o indivíduo, falamos em variação anatômica. A idade, sexo e raça são alguns fatores que podem propiciar o surgimento dessas variações.

Em situações nas quais essas diferenças fornecem perturbações funcionais, falamos, na Anatomia, em anomalias, sendo um exemplo a ausência de um ou mais dedos das mãos.

Existem, ainda, casos em que a variação é tão grande que, além de causar deformações, inviabiliza a vida do indivíduo. Falamos em monstruosidade.

Nessa seção você encontrará um vasto material sobre a Anatomia Humana. Conheça os textos aqui disponibilizados e obtenha informações muito interessantes sobre a nossa organização corporal!

Sistema Sensorial

O sistema sensorial é bastante complexo, a fim de cumprir a valorosa missão de detectar estímulos físicos e químicos. Ele é composto pelos órgãos dos sentidos: olhos, boca, fossas nasais, ouvidos e pele; associados aos sistemas nervoso periférico e central, responsáveis pela decodificação e interpretação de tais estímulos. Graças a ele, podemos perceber melhor o mundo e nosso corpo. Assim, além de boas sensações, podemos escapar de problemas sérios, como evitar a ingestão de um alimento estragado, ao sentir o cheiro e gosto ruim, evitar queimaduras na pele, ao perceber que a água do banho está quente, etc.

Para tipos de estímulos diferentes, temos terminações sensitivas, do sistema nervoso periférico, específicas. Assim, há os quimiorreceptores, para detecção de substâncias químicas; termorreceptores, que captam estímulos térmicos; mecanorreceptores, responsáveis pela captação de estímulos mecânicos; exterrorreceptores, relacionados aos estímulos ambientais (intensidade de luz, calor, pressão, etc.); propriorreceptores, que captam estímulos do interior do organismo; e interorreceptores, recebendo informações acerca das condições internas do organismo. Tais terminações transformam os estímulos em impulsos nervosos, sendo transmitidos ao SNC, que é responsável pela interpretação dos mesmos e pelas reações corpóreas, ou seja: as sensações.

A sensibilidade dos estímulos varia de espécie para espécie. Cães, por exemplo, podem ouvir muitas frequências sonoras a mais do que seres humanos; mas têm capacidade visual de menor qualidade, em relação ao Homo sapiens.

 

Articulações

A união entre partes rígidas do esqueleto, geralmente permi- tindo sua mobilidade, é denominada articulação ou juntura. Estas podem ser móveis, imóveis ou semi-móveis e do tipo fibroso, cartilaginoso ou sinovial .

A articulação fibrosa é constituída de tecido conjuntivo fibroso e ocorre, principalmente, entre os ossos da cabeça, tendem a desaparecer com o tempo. Um exemplo bastante claro é a moleira, que permite com que a passagem do bebê pelo canal vaginal, ao nascer, seja mais facilitada - uma vez que reduz consideravelmente o volume da cabeça neste momento – e, com o passar dos anos, dá lugar a tecidos ósseos nesta região.




As segundas, como o nome já indica, são de tecido cartilaginoso. Este pode ser hialino (sincondroses) ou fibroso (sínfise). A sínfise púbica e as cartilagens entre as vértebras são seus respectivos exemplos. A mobilidade nestes tipos de juntura é reduzida.

Junturas sinoviais possuem um líquido denominado sinóvia, que se localiza na cavidade da cápsula articular, membrana conjuntiva que se prende aos ossos que se articulam. Diferentemente das outras duas, essa conformação permite o deslizamento de uma superfície óssea sobre a outra, com atrito e desgaste reduzidos. Os joelhos são pertencentes a esse grupo.


Quanto à movimentação, podem ser:

- mono-axial: movimentos em torno de apenas um eixo. Ex: articulação do cotovelo.
- bi-axial: movimentos em torno de dois eixos. Ex: articulação do punho
- tri-axial: movimentos em torno de três eixos. Ex: articulação do ombro.

Brônquios

 

Brônquios são condutos cartilaginosos localizados na porção mediana do tórax, abaixo da região inferior da traqueia; e se estendem desde o ponto da ramificação desta até o hilo pulmonar. O brônquio direito é mais vertical, curto e largo que o esquerdo.

Tal como a traqueia, estes são constituídos por anéis incompletos de cartilagem e fibras musculares, conferindo mobilidade. Além disso, são também revestidos por epitélio ciliado, rico em células caliciformes (produtoras de muco).

Essas estruturas, também chamadas de brônquios primários, subdividem-se nos brônquios lobares (ou de segunda ordem). À direita, há três destes: superior, médio e inferior; e, à esquerda, somente o brônquio superior e o inferior.

Dos brônquios lobares seguem os brônquios segmentares (ou de terceira ordem). Esses vão se ramificando em porções cada vez menores, chamadas bronquíolos.

A partir destas últimas estruturas citadas, a constituição de suas paredes passa a ser de músculo liso, sem cartilagem. A nova estrutura, desta forma, confere mais rigidez e a capacidade móvel, encontrada nos brônquios, deixa de existir.

Bronquíolos terminam em estruturas denominadas ductos alveolares, que se finalizam nos microscópicos alvéolos pulmonares. Estes, graças a uma rede de vasos sanguíneos, efetuam as trocas gasosas (hematose).

Coração

O coração humano é um órgão do sistema circulatório localizado na cavidade torácica, com posição central levemente deslocada para a porção esquerda do peito. É formado por músculo cardíaco estriado (miocárdio), apresentando massa compreendida entre 300 a 400 gramas em pessoas adultas.

Esse órgão possui fisiologia contrátil, coordenado por impulsos miogênicos, ou seja, originários do próprio músculo (nó sinoatrial e o nó atrioventricolar), ou neurogênicos regulados a partir de estímulos nervosos emitidos pelo sistema nervoso autônomo simpático (acelerando as contrações) e parassimpático (desacelerando as contrações), impulsionando cerca de 70ml de sangue, aproximadamente em ciclos que oscilam em torno de 70 a 80 pulsações por minuto.

Internamente, o coração é formado por quatro cavidades, dois átrios e dois ventrículos, sendo o átrio e o ventrículo direito comunicantes pela válvula atrioventricular direita (tricúspide) transportando sangue arterial (circulação sistêmica ou grande circulação) e o átrio e o ventrículo esquerdo interligados pela válvula atrioventricular esquerda (bicúspide ou mitral) transportando sangue venoso (circulação pulmonar ou pequena circulação).

Dessa forma, o sangue é bombeado através do sincronismo dos átrios e ventrículos, realizando simultaneamente períodos de contrações (sístoles) e distendimento (diástole). Em situações normais as contrações são mensuradas devido à incidência do sangue sobre as paredes das artérias em virtude do mecanismo sistólico e diastólico, indicando respectivamente uma pressão arterial da ordem de 120 mmHg por 80 mmHg, padrão normal para um organismo.

Dentes

Os dentes, estruturas rígidas e ricas em cálcio, presas aos maxilares, exercem como função principal a mastigação, mas auxiliam também na fala e proteção da boca.

A primeira dentição, em que os dentes são chamados de “dentes de leite”, corresponde a 20 dentes cujo nascimento cessará até aproximadamente os 2 anos de idade. Na medida em que a criança vai crescendo, suas maxilas também crescem, dando espaço para novas dentições. Aproximadamente aos 6 anos de idade, a criança começa sua dentição permanente, que consiste na substituição de seus dentes de leite por dentes permanentes e surgimento de outros permanentes. Entre os 15 e 25 anos de idade poderão nascer os dentes do ciso, completando 32 dentes: 4 incisivos, 2 caninos, 4 pré-molares e 6 molares na porção superior dos maxilares e a mesma quantidade na inferior.

Os seres humanos possuem quatro tipos de dentes: incisivos, caninos, pré-molares e molares. Os incisivos se localizam na frente da boca e o formato da coroa destes facilita no cortar do alimento. Os dentes caninos são pontiagudos e permitem com que o alimento seja “rasgado”. Os pré-molares e os molares se localizam no fundo da boca e exercem uma função trituradora de alimentos.

A seguir, um esquema das estruturas de um dente:



O esmalte é a região mais externa e compacta do dente. Sob ele está a dentina e a câmara pulpar. O cemento separa a raiz do ligamento que prende a raiz e liga o dente à mandíbula. O ápice é a região onde se encerra o dente e é onde se inserem os vasos sanguíneos, tecido conjuntivo e nervos.

Esôfago

O esôfago é um órgão oco, de aproximadamente 25 cm de comprimento e 3 de largura. É constituído de tecido muscular e conjuntivo, sendo rico em vasos sanguíneos e glândulas mucosas. Estas últimas atuam contra organismos e partículas estranhas externas.

Exerce função relativa ao sistema digestório, sendo seu componente mais estreito. Localizado em frente à coluna vertebral, e também entre a laringofaringe e o estômago; conduz o alimento até este último. Assim como ele e o intestino, executa movimentos peristálticos na presença do alimento, facilitando tal trajeto, que dura aproximadamente cinco segundos, dependendo da consistência deste.

É dividido anatomicamente em três regiões. A primeira, a cervical, possui aproximadamente quatro centímetros, e tem contato direto com a traqueia. É predominantemente constituída de músculo estriado esquelético.

A segunda região do esôfago, a torácica, tem cerca de 18 cm, e segue a traqueia e a coluna vertebral, atrás do brônquio esquerdo. É predominantemente formada por músculo liso, tal como a porção abdominal. Essa última, de mais ou menos três centímetros, se encontra sobre o diafragma, e desemboca no estômago.

Possui nas suas duas extremidades estruturas musculares que controlam a abertura destes canais. A primeira, o esfíncter esofágico superior, se abre quando o alimento chega à faringe. Já o esfíncter esofágico inferior, quando este se aproxima da transição entre o esôfago e estômago. São os esfíncteres que impedem o refluxo alimentar, sendo que, quando isso ocorre, a sensação de queimação se dá em consequência dos componentes ácidos do estômago.

Faringe

A faringe é um órgão tubular de aproximadamente quinze centímetros, com cerca de três centímetros na sua extremidade superior e 1,5 cm na inferior. Localizada atrás das cavidades nasais, é rica em vasos e nervos, sendo formada principalmente de tecido muscular do tipo esquelético, revestido por camada mucosa.

Cumpre funções relativas tanto ao sistema respiratório quanto digestório, já que por ela é possível o trânsito de ar e também de alimentos. Ela é dividida em três regiões anatômicas: a nasofaringe, orofaringe e laringofaringe.

A laringofaringe, ou faringe inferior, é conectada ao esôfago e laringe sendo, portanto, uma via tanto digestória quanto respiratória: funções também exercidas pela orofaringe. Esta última, também chamada de faringe média, está localizada na parte média deste órgão, e tem comunicação com a boca.

Já a parte superior da faringe, a nasofaringe, se estende da base do crânio até o palato mole, exercendo exclusivamente função respiratória. Ela se comunica com a orofaringe, fossas nasais, tubas auditivas, dentre outras estruturas; e é nela que se localiza a amígdala: responsável por captar, filtrar e destruir partículas estranhas ao organismo.

O ar inspirado tanto pelo nariz quanto pela boca passa pela faringe. No primeiro caso, ele é transportado para a nasofaringe, seguindo pela faringe média e inferior, até a laringe. Já na outra situação, ele se encaminha diretamente para a faringe média, fazendo o mesmo percurso restante. Quanto aos alimentos, estes entram unicamente pela faringe média, se direcionam até a inferior e desembocam no esôfago.

Tal versatilidade só é possível graças à epiglote: estrutura que fecha a entrada da laringe nos momentos de deglutição, fazendo com que o alimento se direcione ao esôfago; e se abre ao respirarmos, liberando a passagem de ar pela laringe.

Fígado

O fígado é a maior glândula do corpo humano, sendo uma estrutura anexa ao sistema digestivo, responsável por produzir a bile, substância armazenada na vesícula biliar e liberada no duodeno durante o processo de digestão auxiliando a emulsificação (quebra) de gordura.

Esse órgão de anatomia simples tem coloração padrão normal marrom-avermelhada e peso médio igual a 1,5 quilogramas no organismo masculino e um pouco menos no feminino, estando localizado na cavidade abdominal na região do hipocôndrio direto, logo abaixo do diafragma, lateralmente ao estômago, acima do pâncreas e anteriormente à vesícula biliar.

Em forma de prisma, com ângulos arredondados, possui quatro lóbulos: o direito (o maior), o esquerdo, o quadrado, e o caudado, sendo totalmente recoberto pelo peritônio (membrana que reveste a cavidade visceral), sendo irrigado pela artéria hepática, receptando sangue arterial do baço e do intestino pela veia porta. A porção inferior de seu lóbulo direito, apresenta um ritmo de contração ajustado ao peristaltismo do intestino grosso.

Sua atividade glandular desenvolve tanto metabolismo endócrino como endócrino, ou seja, libera respectivamente substâncias no sangue e vasos linfáticos, como também secreções conduzidas por sistemas de canais externamente a esse órgão.

Entre as funções realizadas pelo fígado, destacam-se as seguintes:

- Estocagem de compostos energéticos (glicogênio), suprindo o organismo quando submetido a regimes de dietas rigorosas;
- Síntese de vitaminas;
- Desintoxicação, eliminando toxinas produzidas ou ingeridas pelo organismo, por exemplo, o álcool;
- Defesa orgânica, desempenhando a filtragem mecânica, impedindo a disseminação de agentes patogênicos;
- Fabricação de uréia a partir de amônia e gás carbônico, controlando o equilíbrio hidro-salino normal;
- Destruição de hemácias envelhecidas. Parte dos componentes da bile são produtos da degradação de hemácias.

Hipotálamo

O hipotálamo é a região do encéfalo (diencéfalo) de vertebrados relativamente pequenos, localizado sobre o tálamo, cuja função é manter a homeostase, isto é, o equilíbrio das funções internas corporais em ajustamento ao ambiente, principalmente por meio da coordenação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino.

O hipotálamo também produz dois hormônios, a ocitocina (OCT) e o hormônio antidiurético (ADH) que são transportados para a neuro hipófise onde são armazenados, além de liberar fatores que regulam a atividade da adenoipófise.

Entre as suas funções, auxilia na regulação da temperatura corporal, sensação de fome (regulação do apetite), sede (regulador do teor hídrico), estresse emocional e comportamento sexual (estímulo de raiva e prazer) e indutor dos ritmos biológicos (ciclos circadianos).

Laringe

A laringe é um órgão curto, de forma cônica, constituído de cartilagens, músculos e ligamentos. Está localizada na região do pescoço, entre a quarta e sexta vértebra cervical, conectando a faringe à traqueia. Seu tamanho é variável, sendo maior em homens, em face da influência de hormônios.

Exerce função respiratória e fonatória, e também impede a entrada de partículas estranhas nas estruturas respiratórias.

Possui nove peças cartilaginosas: cartilagem tireoidea, epiglote e cartilagem cricoide; e as cartilagens cuneiforme, corniculada e aritenoide, que se apresentam em pares.

A cartilagem tireoidea, conhecida vulgarmente como “pomo de Adão”, é formada de cartilagem hialina, e tem forma semelhante à de um livro aberto para trás. Fixada a ela, e também ao osso hioide, está a epiglote. Esta funciona como uma espécie de “tampa”, evitando que substâncias líquidas e sólidas sejam encaminhadas para os pulmões. Abaixo da tireoide, e antes da traqueia, está a cartilagem elástica cricoide, ligada a esta primeira por uma membrana. As cartilagens aritenoides são móveis, possuem formato piramidal e estão articuladas à cricoide. Nestas se localizam as inserções das cordas vocais, influenciando a tensão destas, e de alguns músculos da glote. Já as cartilagens corniculada e cuneiforme estão unidas entre si, deslizando-se de acordo com as movimentações dos músculos da laringe. Essa última cartilagem, ainda, liga as aritenoides à epiglote.


1: corno superior da cartilagem tireoidea. 2: osso hioide. 3: epiglote.
4: lâmina da cartilagem tireoidea. 5: ligamento vocal. 6: cartilagem cricoide.
7: traqueia. 8: corno inferior da cartilagem tireoidea. 9: cartilagem aritenoide.
10: cartilagem corniculada. 11: membrana tíreo-hióidea.  


1: cartilagem corniculada. 2: processo vocal da cartilagem aritenoide.
3: cartilagem cricoide. 4: cartilagme corniculada.

Associados a estas estruturas cartilaginosas estão os músculos, exercendo a importante função de estreitar ou dilatar os canais responsáveis pela passagem do ar; e de distender e relaxar as cordas vocais.

As cordas vocais se encontram no interior da laringe, em dois pares. A dupla localizada na região superior é chamada de banda ventricular, ou cordas vocais falsas, sendo constituída de lâminas fibrosas. As inferiores, formadas por tecido fibroso, elástico e muscular, são as cordas vocais verdadeiras. Estas partem da tireoide, cada uma se ligando à aritenoide correspondente; formando um “v”, quando estão relaxadas como, por exemplo, quando respiramos.

Ao falarmos, as cartilagens aritenoides se movem, permitindo que as cordas vocais se estendam, permanecendo bem próximas. Assim, quando o ar é expirado, estas vibram, permitindo a formação de sons. A movimentação dos músculos da laringe, juntamente com a articulação das estruturas bucais, como lábios, língua, bochechas; permitem a modulação da voz e a linguagem falada.

Nervos

Nervos são feixes resultantes dos prolongamentos dos neurônios (dendritos ou axônios) que são as fibras nervosas, revestidos por tecido conjuntivo. Os nervos fazem parte do sistema nervoso periférico, encarregam-se de fazer as ligações entre o sistema nervoso central e o corpo.

Os nervos sensoriais levam informações da periferia do corpo para o sistema nervoso central. Nervos motores ou eferentes são aqueles que transferem impulsos do sistema nervoso central para os músculos ou glândulas. Os nervos mistos são formados por axônios de neurônios sensoriais e motores.

Os nervos podem ser originários da medula espinhal (nervos raquidianos) ou do encéfalo (nervos cranianos). Os nervos cranianos são doze pares de nervos que saem do encéfalo e inervam a cabeça, os pulmões, o coração e o tubo digestório.

Os nervos raquidianos são diversos nervos mistos, que saem da medula espinhal, sendo que cada um possui uma raiz ventral e uma raiz dorsal.

Lesões físicas, inchaço, doenças auto-imunes, diabetes ou falha dos vasos sanguíneos que irrigam o nervo podem ser a causa de danos aos mesmos.

Neurônios

O neurônio é a principal célula do sistema nervoso, sendo responsável pela condução, recepção e transmissão dos impulsos nervosos.

Sua estrutura básica é formada por: Corpo Celular ou Pericário, contendo o núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto; os Dentritos, finos prolongamentos ramificados do corpo celular, aumentando a superfície de propagação elétrica; o Axônio, extensão do neurônio com tamanhos variados, servindo de condutor do impulso elétrico; e o Telodendro, ramificação terminal do axônio, comunicando com outros neurônios ou outros tipos efetores (células musculares e glandulares).

O impulso possui sentido de propagação, captados pelos dentritos, partindo em direção ao pericário, com propagação através de ondas despolarizantes ao logo do axônio, dissipando-se pelo telodentro.

Além da membrana plasmática, o axônio das células nervosas dos animais vertebrados, possui revestimento descontínuo (intervalos chamados de nódulos de Ranvier) formado por dobras de fibras isolantes, denominadas de bainha de mielina, cuja função é aumentar a velocidade de propagação do impulso.

Quando em repouso, o axônio encontra-se no estado polarizado, ou seja, internamente disposto de cargas negativas e externamente contendo cargas positivas (potencial de repouso / -80 milivolts). À medida que o impulso é transmitido, percorrendo o axônio, as cargas vão se invertendo progressivamente pelo mecanismo de difusão ativa (bomba de sódio e potássio) estabelecendo, pela despolarização, uma diferença de potencial elétrica através da membrana (potencial de ação).

Dessa forma, para desencadear um estímulo é necessário um potencial de ação suficiente para ultrapassar a ordem do potencial de repouso até a situação aproximada de + 40 milivolts.

Esse processo tem duração de apenas 1,5 milionésimo de segundos, ocorrendo após a passagem do impulso o processo inverso (repolarização) restabelecendo o estado de repouso.

È por esse mecanismo que o sistema nervoso (central e periférico) coordena todas as reações e atividades, seja por via simpática ou parassimpática, motoras dos órgãos por mediação de neurotransmissores, e assim expressamos capacidades e atividades vitais do nosso organismo: locomotora, respiratória, circulatória, imunitária, excretora.

Os Rins

Os rins são órgãos filtradores do sistema excretor (osmoregulador) ou sistema urinário humano, alojado aos pares na cavidade abdominal, acomodados na região dorsal corporal, sendo cada um posicionado lateralmente à coluna vertebral, situados abaixo do diafragma e protegidos pelas costelas flutuantes e por uma camada adiposa.

Cada rim possui aproximadamente 11cm de comprimento, 05cm de altura, 03cm de espessura e peso médio em uma pessoa adulta igual a 150g, apresentando morfologia reniforme (forma que lembra um grão de feijão), e coloração vermelho-escuro, formados por unidades denominadas nefrôns (cerca de 1 milhão por rim).

Esse órgão é revertido por um tecido fibroso (um compartimento conjuntivo), protegendo o córtex da adrenal (camada mais externa contendo os nefrôns), delimitando a medula renal (interstício interno) que recepciona projeções emitidas pelo córtex (as colunas renais), diferenciando porções cônicas da medula chamadas pirâmides.

Com a base direcionada para o córtex e o ápice para a medula, terminando em papilas renais, as pirâmides funcionam como funis que desembocam nos ductos coletores de urina, até atingir a pelve renal e o ureter.

O Sangue chega aos rins através de artérias renais, que se ramificam em muitas arteríolas conectadas aos néfrons, e sai dos rins pelas veias renais que se unem à veia cava inferior.

De sua região externa abaulada, encontram-se os ureteres, coletando e conduzindo a urina em direção à bexiga urinária, acumulando e lançando a urina para o exterior por meio da uretra.

Caso os nefrôns não funcionem corretamente, as impurezas se acumulam no organismo, causando intoxicação por excesso de uréia, uma substância nitrogenada tóxica, produto do metabolismo celular.

Um nefrôn é composto de duas partes: o corpúsculo renal e o túbulo renal.

Nos corpúsculos, voltados para o córtex renal, estão os glomérulos renais (ou de malpighi) formado por um emaranhado de capilares envolvidos pela cápsula chamada de Bowman, onde ocorre a filtração.

Durante a filtração, a pressão sangüínea expele dos capilares glomerulares algumas substâncias: água, pequenas partículas e moléculas (sais, glicose e aminoácidos), dissolvidas no plasma e coletados pelos túbulos contorcidos proximais, passando pela alça de Henle, desembocando nos ductos coletores através do túbulo contorcido distal.

Nos túbulos renais, conforme a necessidade para o controle osmótico do organismo, pode ocorrer reabsorção de substâncias (transporte ativo) a partir de uma trama de capilares que envolvem tanto a porção proximal e distal, absorvendo substâncias do filtrado glomerular.