Geografia Física do Brasil II

O Nordeste e as Sub-Regiões

A região Nordeste é composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em seu território há uma grande diferenciação de características físicas, refletindo diretamente nas atividades econômicas e sociais da população. Devemos romper com o paradigma de que o Nordeste brasileiro é um lugar de seca, fome e miséria, e sim, saber analisar essa região tão rica em belezas naturais e diversidade cultural. Entender as sub-regiões do Nordeste é o primeiro passo.

A Região Nordeste é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, zona da mata, agreste e sertão.

O meio-norte corresponde à faixa de transição entre o sertão semiárido do Nordeste e a região Amazônica, inclui os estados do Maranhão e oeste do Piauí. A vegetação natural dessa área é a mata de cocais, carnaúbas e babaçus, em sua maioria. Apresenta índices pluviométricos maiores a oeste. As atividades econômicas de maior destaque são o extrativismo vegetal, praticado na mata de cocais remanescente, a pecuária extensiva e o cultivo do arroz e do algodão.

O sertão é uma extensa área de clima semiárido, que compreende o centro da região Nordeste, está presente em quase todos os estados da região. As chuvas são escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a caatinga. A bacia do rio São Francisco é a maior da região e a única fonte de água perene para as populações que habitam suas margens, é aproveitado para irrigação e também é fonte de energia através de hidrelétricas como a de Sobradinho (BA). As maiores concentrações humanas estão nos vales dos rios Cariri e São Francisco. A pecuária é a principal atividade econômica, ao lado do cultivo irrigado de frutas e flores.

O agreste é a área de transição entre a zona da mata, úmida e cheia de brejos, e o sertão semiárido. A principal atividade econômica nos trechos mais secos do agreste é a pecuária extensiva; nos trechos mais úmidos é a agricultura de subsistência e a pecuária leiteira.

A zona da mata compreende uma faixa litorânea de até 200 quilômetros de largura que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. É a sub-região mais urbanizada e populosa. O clima é tropical úmido e o solo é fértil em razão da regularidade de chuvas. A vegetação natural é a mata Atlântica, praticamente extinta e substituída por cana de açúcar. Além da cana, do cacau, do fumo e da lavoura de subsistência, destaca-se também a produção de sal marinho, principalmente no Rio Grande do Norte.

As características das sub-regiões nordestinas são de fundamental importância para a compreensão das relações sociais ali estabelecidas, outros aspectos de grande importância devem ser entendidos, para que uma análise da região seja feita sem preconceitos e distorções.
Como diz o cantor e compositor Belchior em trecho de sua canção “Conheço o meu lugar”, ao se referir do Nordeste:

Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!
Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem:
Conheço o meu lugar!

O relevo e a hidrografia da região Norte

A região norte apresenta basicamente três unidades de relevo: planície, depressão e planalto. Em todo território são identificadas diversas altitudes, no entanto, grande parte da região é constituída por uma topografia plana. Esse aspecto interfere na configuração da hidrografia, pois os rios escoam suas águas de forma serena e lenta, tornando-os viáveis para a navegação.

Grande parte dos rios escoa suas águas em lugares de planaltos e depressões, apesar de os rios de grande relevância, como Amazonas, Araguaia e o Guaporé, cortarem áreas de planícies.

Em uma área de planalto encontra-se o ponto mais alto do país, com 2.993,8 metros de altitude, denominado de Pico da Neblina, localizado a noroeste do estado do Amazonas.

A região norte abriga um grande potencial hídrico com a presença da Bacia do Amazonas, as águas que escoam sobre a mesma representam 20% de toda água doce proveniente de rios do mundo.

O Amazonas é o maior rio do mundo, em extensão (6.571 km) e em volume (média de 180.000 m3/s), isso se deve pelo elevado índice pluviométrico da região e aos 7 mil afluentes. O rio Amazonas possui cerca de 5 km de largura e pode atingir até 100 metros de profundidade.

Os solos brasileiros

O solo brasileiro é formado a partir de três estruturas geológicas, são elas: escudos cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos. Cada uma permite a formação de determinados minerais e solos. A partir dessas estruturas geológicas são identificados quatro tipos de solos: terra roxa, massapé, salmorão e aluviais.

• Terra roxa:  solo extremamente fértil, possui uma coloração avermelhada. É encontrado, especialmente, na região Sul, oeste do Estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Goiás. A terra roxa é resultado da decomposição de rochas compostas de basalto, que tem origem vulcânica. Isso prova que em um passado remoto já houve derramamento de lavas nas áreas citadas.

• Massapé: é um tipo de solo caracterizado pela elevada fertilidade, possui cor escura em razão de sua formação ser proveniente da decomposição de rochas, como gnaisses escuros, calcários e filitos.

• Salmorão: é um tipo de solo constituído a partir da decomposição de rochas graníticas e gnaisses claros. É encontrado, principalmente, no Centro-Sul do Brasil.

• Aluviais: é um tipo de solo identificado em todos os pontos do Brasil, é formado a partir do acúmulo de sedimentos em várzeas, vales e etc.

Relevo Brasileiro

Antes de conhecer o relevo brasileiro, é preciso saber primeiro o que é relevo.
Relevo são irregularidades na superfície terrestre.

O relevo brasileiro possui uma grande variedade morfológica que podem ser classificadas em: planaltos, planícies, chapadas, depressões, que foram formados por fatores internos e externos.

Os fatores internos (endógenos) são forças do interior da Terra como vulcanismo e tectonismo, atuam como agentes modeladores do relevo. Os fatores externos (exógenos) são agentes modeladores do relevo que advém dos fenômenos climáticos, ou naturais, ventos, rios e chuva.

No Brasil há predomínio de pequenas elevações, o ponto mais alto é o Pico da Neblina (3.014 m).

Classificação do relevo brasileiro

A primeira tentativa de classificação do relevo brasileiro ocorreu em meados do século XIX, mas as classificações eram confusas e sem definições concretas.

Em 1949, foi criada uma classificação do relevo brasileiro segundo Aroldo de Azevedo, que teve uma boa aceitação no país. Aroldo então classificou o relevo da seguinte forma: quatro planaltos (das Guianas, Central, Atlântico, e Meridional), três planícies (Amazônica, Costeira e do Pantanal).

Aziz N. Ab’Saber conceituado geógrafo realizou uma nova classificação do relevo brasileiro, utilizando aerofotogrametria (foto aérea), e classificou o relevo brasileiro em planaltos, planície e depressões.

Observe as características do relevo brasileiro segundo o geógrafo Jurandyr L.S Ross.

Planalto: È uma superfície irregular com altitude acima de 200m.

Planície: Superfície mais ou menos plana de formação sedimentar.

Depressão: È uma superfície que sofreu processo erosivo e possui altitudes abaixo das áreas ao redor.

Zonas litorâneas do Brasil

O Brasil é um país privilegiado quanto à sua extensão territorial e localização, possui uma área total de 8.514.876 quilômetros quadrados, com uma costa litorânea comportando mais de 7 mil quilômetros de extensão em linha contínua. A paisagem do litoral brasileiro é bem diversificada, composta por dunas, ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos e falésias. A região é povoada por uma enorme variedade de animais, entre eles destacam-se: golfinhos, baleias, 800 tipos de peixes, aves, além de uma grande variedade de vegetais.

A divisão mais aceita do litoral brasileiro é a seguinte:

Litoral amazônico – é a região costeira do Norte do Brasil. Inicia-se no Rio Oiapoque (AP) e estende-se até o Delta do Parnaíba (entre os estados do Maranhão e Piauí). O litoral amazônico apresenta uma extensa planície coberta por manguezais e terrenos alagadiços, sendo habitat de várias espécies de peixes e aves. A atividade turística é pouco explorada.

Litoral nordestino – compreende a área que vai do Delta do Parnaíba ao Recôncavo Baiano, com extensão de aproximadamente três mil quilômetros. Sua paisagem apresenta dunas, falésias, restingas e manguezais, o clima é agradável, apresentando altas temperaturas. Possui belas praias, atraindo milhões de turistas.

Litoral do Sudeste – estende-se do Recôncavo à divisa entre os estados de São Paulo e Paraná. É a região com maior concentração populacional do Brasil, no entanto, possui as maiores áreas de preservação da Mata Atlântica. O turismo é uma atividade importante nessa região.

Litoral Sul – corresponde à costa dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por manguezais, costões e por uma faixa contínua de praia. É uma região que atraí bastante turistas, principalmente o estado de Santa Catarina.