Imunologia

estudo do sistema imunológico e suas funções. Ela se atém à análise de processos relativos à defesa do organismo contra agentes estranhos (antígenos) e, dessa forma, permite a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças e também de alergias.

O sistema imune é complexo e envolve a relação entre tecidos, células e mediadores químicos, capazes de responder à presença dos antígenos. Na grande maioria dos casos, ele os reconhece, enviando respostas específicas para a sua neutralização, metabolização e eliminação. Em um novo contato com o mesmo antígeno, o sistema age de forma mais rápida e eficiente e, em alguns casos, por criar resistência a ele, inviabiliza reinfecções.

Essa ciência é tão importante que, graças a ela, puderam ser desenvolvidas as vacinas e doenças alérgicas e autoimunes puderam ser compreendidas.

A descoberta da penicilina

 

Alexandre Fleming: o pesquisador que descobriu o poder dos fungos do gênero Penicillium.

A descoberta da penicilina se deu de forma acidental, pelo médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming, em 1928. Pesquisando substâncias capazes de combater bactérias em feridas, esqueceu seu material de estudo sobre a mesa enquanto saía de férias. Ao retornar, observou que suas culturas de Staphylococcus aureus estavam contaminadas por mofo e que, nos locais onde havia o fungo, existiam halos transparentes em torno deles, indicando que este poderia conter alguma substância bactericida.

Ao estudar as propriedades deste bolor, identificado como pertencente ao gênero Penicillium, Fleming percebeu que ele fornecia uma substância capaz de eliminar diversas bactérias, como as estafilococos: responsáveis pela manifestação de diversas doenças, tanto comuns quanto mais graves. A substância recebeu o nome de “penicilina”.

Tal achado, comprovadamente inofensível para as células animais, foi isolado, concentrado e purificado em laboratório alguns anos depois, por Howard Florey e Ernst Chain. Na época da Segunda Guerra Mundial, esta substância foi produzida em larga escala, por fermentação, salvando milhares de vidas.

A penicilina tornou-se disponível para a população civil na década de 40: mesma época em que os três pesquisadores ganharam o prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas, estas capazes de impedir a morte e complicações de doenças como pneumonia, sífilis, difteria, meningite, bronquite, dentre outras.

Atualmente a penicilina é utilizada de forma menos frequente em razão de seu uso indiscriminado – causando a seleção das bactérias e consequentemente, ao longo do tempo, resistência a este antibiótico. Assim, hoje a Amoxicilina é o antibiótico mais amplamente utilizado no tratamento de doenças bacterianas.

Anticorpos

Ligações de Anticorpos

Os anticorpos, também conhecidos como imunoglobulina, são proteínas com ligações de um ou mais açúcares de características sintetizadas que são expelidas pelas células plasmáticas. Possuem uma forma estrutural em Y composta por quatro cadeias polipeptídicas.

Sua função é realizar a defesa do organismo a partir da inibição de toxinas, impedimento de multiplicação de microorganismos e destruição de antígenos. A reação dos anticorpos se inicia ainda no período intra-uterino quando copiam as seqüências dos aminoácidos produzidos pelo feto e as armazena.

Ao detectar um antígeno, ou seja, uma substância que o sistema imunológico não reconhece, os anticorpos trabalham para eliminá-lo através da fixação do complemento, opsionização, desgranulação dos mastócitos, aglutinação, neutralização da substância e outros.

São classificados em:

IgM: Proteína encontrada nos linfócitos B.

IgA: Proteína dominante encontrada na saliva, lágrima, leite, mucosas do trato respiratório, gastrointestinal e genitourinário cuja função é proteger o organismo contra vírus e bactérias.

IgG: A única proteína que passa pela placenta. Compõe 80% dos anticorpos do organismo sendo encontrada em circulação no sangue.

IgE: Proteína de baixa concentração presente nas membranas dos basófilos e mastócitos. Desencadeia processos alérgicos quando é encontrado em altos níveis.

IgD: Proteína receptora de antígeno encontrada na superfície dos linfócitos.

Grau de disseminação de doenças

A dispersão dos agentes patológicos.

As doenças podem ser classificadas de acordo com a disseminação, seja bacteriana, viral, fúngica, ou causadas por demais agentes que se instalam e ocasionam distúrbios na homeostase (equilíbrio orgânico) de um hospedeiro.

Entre os critérios de classificação, são considerados fatores como: a incidência relativa ao tempo de desenvolvimento, desde a incubação do agente (contaminação), apresentação de sintomas e cura (caso exista) ou falecimento; e o número de acometimentos de uma determinada patologia por zoneamento (se restrito ou abrangente conforme a territorialidade).

Dessa forma, as disseminações infectopatológicas podem ser diferenciadas da seguinte forma:

Epidemia → doença que de forma repentina acomete um grande número de indivíduos de uma limitada região. Pode caracterizar um quadro periódico de surto epidêmico quando, de um determinado agente etiológico, surge de tempo em tempo uma nova forma infectante (uma estirpe / linhagem proveniente de processos mutagênicos, comum em organismos cujo ácido nucléico é o RNA).
Exemplo: o vírus que provoca a gripe (doença transitória).

Endemia → representa situações de enfermidade persistentes em uma específica região, atingindo considerável, constante ou crescente número de indivíduos.
Exemplo: o vírus da dengue (doença que está associada à sazonalidade climática, de maior incidência durante os períodos de chuva, relativamente acompanhando as distinções de regime pluviométrico entre as regiões territoriais).

Pandemia → disseminação sem limites territoriais, acometendo em um mesmo período um número alarmante de indivíduos em todo o território mundial.
Exemplo: a cólera, doença bacteriana que atingiu o contingente populacional de vários países.

Linfócitos

Modelo de linfócito

Os linfócitos são glóbulos brancos formados em diversos órgãos do corpo cuja função é defendê-lo contra invasores, principalmente virais. Possuem receptores com função de identificar invasores e esta função somente é manifesta ao serem formados.
Podem ser:

Linfócito T: São formados no timo e responsáveis pela produção de anticorpos que ficam no sangue e pela imunidade celular. Os linfócitos T citotóxicos são conhecidos como linfócitos assassinos, pois destroem as células infectadas e não o agente invasor que as infectam. Os linfócitos T auxiliares ajudam os linfócitos T citotóxicos e estimulam os linfócitos B a produzir anticorpos.

Linfócito B: São formados na medula óssea, são responsáveis pela produção de imunoglobulinas que neutralizam os invasores (antígenos) especificamente. Estas se transformam em plasmoblastos que origina centenas de plasmócitos, esses tornam o organismo imune a uma nova invasão. Este processo é bem conhecido quando se fala em doenças como sarampo e catapora que uma vez contraídas não se manifestam mais.

Linfócito NK: São responsáveis pelas reações inespecíficas que ocorrem para destruir células invadidas.

Quando os linfócitos são produzidos de forma desordenada e descontrolada, como conseqüência de mutações ocorridas em seus genes, perdem a comunicação com o organismo e provocam uma doença maligna chamada linfoma ou câncer linfático que pode ser do tipo Hodgkin e do tipo Não-Hodgkin. A doença é considerada Hodgkin se constar no exame de biópsia diferentes tipos de células e considerada não-Hodgkin se constar no exame a presença de uma única célula ou um clone.

Sistema Imunológico

Células que compõem o sistema imunológico

O sistema imunológico ou sistema imunitário é o conjunto de células responsáveis pelo combate de invasores, como bactérias, vírus, parasitas e outros. Além de combater invasores, o sistema imunológico tem a função de fazer a limpeza do organismo retirando dele células mortas, renovando estruturas e reagindo contra mitoses anormais que originam cânceres. Pode ser inespecífico ou específico.

O sistema inespecífico é composto por barreiras físicas onde se destaca a pele como principal. Sua composição impede a entrada de microorganismos no corpo. Outros sistemas inespecíficos são o ácido gástrico, o ph da vagina, as lágrimas, a saliva, etc. Quando o sistema inespecífico não consegue impedir a entrada dos invasores, o sistema específico é ativado.

O sistema específico é atraído até o local invadido quando as células localizadas nos tecidos liberam substâncias vasoativas que dilatam as arteríolas da região aumentando a perda de líquidos e a permeabilidade do local, provocando dor, inchaço, vermelhidão e aumento da temperatura, o que conhecemos por inflamação.

O sistema imunológico é fortalecido por vitaminas, minerais e ácido fólico que são principalmente encontrados em alimentos. Dentre eles destacam-se:

Vitamina A: Mantém os linfócitos T circulantes, diminui o risco de infecções provocadas por bactérias, vírus e parasitas.

Vitamina C: Fortifica a atividade imunológica dos leucócitos, aumenta a produção das células de defesa e a resistência do organismo. Vale lembrar que a vitamina C é bastante frágil a luz e ao calor e por isso deve ser consumida rapidamente.

Vitamina E: Age como antioxidante e protege as membranas celulares.

Ácido Fólico: Auxilia na formação dos leucócitos na medula óssea.

Zinco: Recupera os tecidos e mantém a quantidade dos linfócitos.

Selênio: Neutraliza os radicais livres, retarda o envelhecimento e combate o processo cancerígeno.

Vacinas

Formas de Vacinação

A vacina é uma substância tóxica sintetizada a partir de agentes patogênicos como vírus e bactérias que atuam como antígenos no organismo. Ao entrar no organismo, a vacina estimula a produção de anticorpos específicos para que este imunize o mesmo contra o corpo estranho.

Quando o organismo recebe uma determinada vacina pela primeira vez a resposta do sistema imunitário é mais demorada e com pouca quantidade de anticorpos, já na segunda vez a reação do sistema imunitário já é mais rápida e com produção em maior quantidade.

Pelo fato da vacina apresentar agentes patogênicos enfraquecidos ou mortos, o organismo não utiliza toda a quantidade de anticorpos produzidos fazendo com que estes permaneçam no organismo para que já esteja protegido em casos de contração destes agentes. Este tipo de vacinação é denominada ativa e é relativamente duradoura, pois o antígeno permanece registrado no sistema imune que se mantém preparado para uma possível invasão. Seus efeitos colaterais são variáveis de acordo com a substância inserida no organismo.

Há também a imunização passiva que é a introdução de anticorpos prontos no organismo para combater de forma rápida os antígenos existentes. É utilizada quando não se pode esperar pela produção natural de anticorpos do organismo. É denominada soro.

É uma forma de imunização rápida e passageira, pois pelo fato do organismo não ter trabalhado para produzir seus anticorpos, não armazena sua passagem pelo organismo.

As vacinas protegem não só um determinado organismo em que foi introduzida, mas toda uma sociedade que é impedida de contrair epidemias a partir de um só doente. Além de doenças infecciosas as vacinas também protegem o organismo de inúmeras outras doenças. Dentre as vacinas que existem destacamos:

Bcg: contra formas graves da tuberculose;
Hepatite B;
Sabin: contra poliomielite ou paralisia infantil;
Tríplice bacteriana: contra difteria, tétano e coqueluche;
Hib: contra meningite e outras provocadas por Haemophilus influenzae tipo b;
Sarampo;
Febre amarela;
Tríplice viral: contra sarampo, rubéola, rubéola congênita e caxumba;
Gripe;
Hepatite A;
Catapora e outras.

Vacina contra a gripe

A vacina contra a gripe é bastante eficaz.

A gripe, causada pelo vírus influenza, provoca sintomas semelhantes ao do resfriado comum, porém com maior intensidade. Complicações podem desencadear em pneumonia, e até óbito, principalmente em pessoas com imunidade mais baixa.

Diante desses fatos, anualmente é executada a Campanha Nacional do Idoso Contra a Gripe, a fim de reduzir o índice de internações e mortalidade da população idosa, acima de 60 anos - e também de indígenas com idade igual ou superior a seis meses, profissionais da saúde e população carcerária - por esta doença.

A vacina, feita a partir de vírus inativados, previne contra os principais e mais recentes tipos destes. Tal afirmação significa que nem todo tipo de gripe é combatido por meio deste método. Mesmo assim, é essencial que estas pessoas sejam vacinadas anualmente, considerando o alto poder de mutação do influenza, o potencial desta em reduzir a gravidade de outros tipos deste vírus, e seus 98% de eficácia.

É raro acontecer reações adversas à vacina. Quando ocorrem, geralmente são caracterizadas por dor, vermelhidão local, febre ou reações alérgicas. Quanto a este último sintoma, considerando que a vacina é produzida em ovos de galinha, é essencial que pessoas alérgicas a esse alimento consultem previamente o agente de saúde, para verificar se é viável ou não tomá-la.