Acordo ortográfico

Não precisa se preocupar, pois o novo acordo ortográfico passa a vigorar somente a partir de janeiro de 2012. Até lá, a velha e nova ortografia estarão convivendo, a fim de que haja uma transição tranquila.

Portanto, será um pouco complicado vestibulares  e concursos de modo geral cobrarem as novas regras e punirem com diminuição de pontos os que não as seguirem. Afinal, o jeito antigo de se escrever algumas palavras e o novo estarão sendo aceitos até que o prazo se finde.

Essa mudança na língua portuguesa era para ter acontecido desde 1990, quando a maioria dos países que falam o português não assinou em concordância. Somente após dez anos em trâmite no Congresso Nacional é que este acordo foi sancionado pelo presidente da República e mais tarde ainda, em 2006, por mais dois países: São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. A ratificação da reforma ortográfica por esses três países foi o suficiente para legalizá-la.


Acordo ortográfico – unificação da grafia!

O motivo principal deste acordo é promover a unificação ortográfica dos países que têm o português como língua oficial, os quais são: Brasil, Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

 

A acentuação

Há situações em que o acento circunflexo deixa de existir:



1. Nas formas verbais paroxítonas que possuem o “e” tônico fechado em hiato (sons vocálicos adjacentes que ficam em sílabas separadas) com a terminação –em da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo.

Observe: eles/elas creem, que eles/elas deem, eles/elas leem, que eles/elas desdeem, eles/elas veem, e assim por diante.

2. Na vogal tônica fechada (^) em “o” nas paroxítonas, precedidas ou não de “s”: abençoo, doo (do verbo doar), enjoo, voo, povoo, perdoo, etc.

Fora dessas duas situações, ou seja, no restante, continua tudo igual!

Observação: os verbos “ter” e “vir” continuam com a conjugação normal na terceira pessoa do plural do indicativo: eles/elas têm, eles/elas vêm.

 

Acentuação

Pouco acontece com a acentuação que retém as mudanças mais significativas quanto às paroxítonas, ou seja, as palavras que possuem acento tônico na penúltima sílaba.



Vejamos:

1. Nos ditongos abertos éi e ói das paroxítonas o acento caiu. Assim, termos como: colméia, estréia, geléia, idéia, jibóia, heróico, platéia, jóia, apóio (de apoiar), dentre outras, ficam: colmeia, estreia, geleia, ideia, jiboia, heroico, plateia, joia, apoio.

Importante: Lembre-se que essa primeira regra é válida para as paroxítonas e, portanto, as oxítonas, ou seja, as palavras cujo acento tônico recai sobre a última sílaba, continuam acentuadas: anéis, fiéis, papéis, heróis, troféu, chapéu, etc.

2. O acento no “i” e “u” tônicos não existe mais quando vierem depois de ditongos nas paroxítonas. Dessa forma, vocábulos como: feiúra, baiúca, bocaiúva e cauíla, ficam: feirua, baiuca, bocaiuva e cauila.

Observação 1: Palavras um pouco estranhas essas, vamos verificar seus significados que são, respectivamente: fealdade, biboca ou taberna, palmeira de frutos comestíveis, indivíduo avarento.

Observação 2: O acento permanece em palavras oxítonas que terminam com “i” ou “u”, seguidas ou não de “s”: Piauí, teiú, tuiuiú, tuiuiús.

 

Hífen

Agora vejamos os casos em que o hífen não é utilizado:

1. Quando o prefixo termina em vogal diferente da do segundo elemento: aeroespacial, coautor, coedição, infraestrutura, autoescola, autoaprendizagem, extraescolar, agroindustrial, semianalfabeto, etc.

Observação: Lembre-se que o prefixo co-, no geral, se une ao segundo elemento, mesmo quando este último se inicia com a mesma vogal, como em: coordenar, cooperar, coobrigação, coocupante, cooperação, etc.

2. Nas formações em que o prefixo termina em vogal e o segundo termo começa com r ou s. Neste caso, ao invés do hífen, dobra-se a consoante: minissaia, infrassom, microssistema, contrarregra, contrassenso, ultrasson, antirreligioso, neorrealismo, etc.

3. Nas demais formações em que o prefixo termina em vogal e o vocábulo seguinte se inicia por consoante diferente de r ou s: antipedagógico, autopeça, seminovo, microcomputador, coprodução, geopolítica, etc.

4. Nos prefixos super, hiper, inter quando o segundo elemento começar com consoante diferente de r ou por vogal: hipermercado, superinteressante, interamericano, interestadual, hiperativo, superamigo, etc.

5. Em palavras compostas que não sofreram processos de composição e se aplicadas de certa forma na língua: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.

 

O acento diferencial

Como o próprio nome já diz, o acento diferencial faz a distinção entre palavras que têm a mesma grafia.

Com a reforma ortográfica, este acento caiu em alguns pares, como: para (á) (do verbo parar) e para (preposição); pela (é) (do verbo pelar) e pela (proposição); pelo (ê) (substantivo) e pelo (preposição), etc.

Assim, os pares acima ficam sem acento e são distinguidos apenas pelo contexto, como em:

Ela para na hora de fazer comida! (verbo)
Ele pegou comida para ela! (preposição)

O pelo desse cachorro está crescendo muito rápido!(substantivo)
Não era nada, pelo que entendi! (preposição)

Observação: O acento diferencial do par pôde/ pode prevalece. Dessa forma, pôde (pretérito perfeito do indicativo da 3ª pessoa do singular) é acentuado com circunflexo e pode (presente do indicativo da 3ª pessoa do singular) não. Isso aconteceu para que o tempo verbal de “poder” possa ser identificado em uma oração.

Fique atento: a pronúncia não mudou, apenas a acentuação. Portanto, as vogais que eram pronunciadas fechadas (pêlo de animal = pelo) e as abertas (pára com isso = para) continuam da mesma forma!

 

 

O Alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras, dispostas da seguinte forma: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z, como comumente víamos.

Foram reintroduzidas as letras k, w e y que fizeram parte do nosso alfabeto até 1943, quando foram retiradas, conservando-se apenas em palavras estrangeiras e em algumas abreviaturas.

Essas letras viviam na língua como as pessoas moram no exterior como imigrantes ilegais. Então, quer dizer que elas podem circular livremente como “letras-nativas”?

Não. Aceitamo-nas porque era inevitável não fazê-lo, pois permaneceram no nosso alfabeto e no ensino, mesmo quando não eram oficializadas. Assim, há certas restrições no uso dessas letrinhas que se infiltraram em nosso idioma, mas que agora damos as boas vindas sem preconceitos.



Veja as situações em que k, w e y são usadas:

1. Em siglas, símbolos ou palavras adotadas como unidades de medida internacional: Na (Sódio), W (oeste), kW (kilowatt), kg (kilograma), km (quilômetro), etc;

2. Em nomes próprios de lugar (topônimos) originários de outra língua e derivados: Kuwait, kuwaitiano, Malawi, malawiano, etc.

3. Em nomes próprios de pessoas (antropônimos) originários de outra língua e derivados: Kant, Byron, Taylor, byroniano, etc.

4. Em palavras estrangeiras e seus derivados: playground, show, windsurf, flash, stand by, shopping, pizza, etc.

Então, como vimos acima, essas letras não estão liberadas para formação de novas palavras, então, antes de começarmos a trocar o “i” pelo “y” ou o “u” pelo “w”, lembremo-nos dessas conformidades que devem ser seguidas.

 

O hífen

Um dos casos que registrou mais modificações foi o uso do hífen. Vejamos passo a passo quando o hífen é utilizado!

Usa-se hífen:

1. É obrigatório diante de palavra iniciada por “h”: super-homem, super-herói, anti-higiênico, co-herdeiro, sobre-humano, geo-história, semi-hospitalar, neo-helênico, pré-história, eletro-higrômetro, etc.

Importante: no caso do prefixo “sub” e do substantivo “humano”, ocorre junção das duas palavras e perda do “h”: subumano.

2. Aparece quando o primeiro termo (prefixo) termina com vogal (anti, auto, contra, micro, semi) e o segundo termo começa com a mesma vogal: anti-inflamatório, anti-ibérico, auto-observação, eletro-ótica, micro-ondas, semi-interno, contra-atacar, contra-ataque, anti-imperialista, infra-axilar, etc.



Observação 1: No geral, os prefixos -des e -in não possuem hífen quando o segundo elemento perde o “h”: desumano, desumanidade, inábil, desumidificar, etc.

Observação 2: Comumente, o prefixo co- se une ao segundo elemento, mesmo quando este último se inicia com a mesma vogal, como em: coordenar, cooperar, coobrigação, coocupante, cooperação, etc.

3. Quando o primeiro elemento terminar e o segundo começar pela mesma consoante: inter-racial, super-racista, hiper-requintado, super-resistente, inter-regional, hiper-radical, etc.

Importante: Quando se trata do prefixo sub-, o hífen é utilizado quando a palavra seguinte for iniciada por “r”: sub-racial, sub-raça, sub-região, etc.

4. Quando há os prefixos: pós, ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice, sota, soto, vizo: ex-diretora, vice-presidente, sota-piloto, vizo-rei, soto-mestre, pós-graduação, pré-vestibular, recém-chegado, sem-teto, pró-europeu, pós-operatório, além-mar, etc.

5. Em palavras indígenas com os prefixos “açu”, “guaçu”, “mirim”: tupi-guarani, capim-açu, jacaré-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim, arumã-mirim, etc.

6. Em encadeamentos vocabulares e palavras já consagradas pelo uso: ponte Rio-Niterói, ensino-aprendizagem, cor-de-rosa, fim-de-semana, eixo Rio-São Paulo, pé-de-meia, água-de-colônia, etc.

 

O trema

 

Sim, os dois pontinhos sofreram uma queda e não voltam mais a ativa! Assim, palavras como: aguentar, eloquente, tranquilo, bilíngue, linguiça, cinquenta, sequência, sequestro, eloquência devem ser escritas assim, sem o trema.

Este último era usado sobre letra u para indicar que esta vogal deveria ser pronunciada nas palavras com que, qui, gue gui.

No entanto, no novo acordo, esse sinal de diérese é inteiramente suprimido das palavras portuguesas ou aportuguesadas, pois não se justifica, uma vez que é uma questão de fonética e não de grafia.

Mesmo sem o trema, em palavras como frequentar e linguística, por exemplo, sabemos que o “u” é pronunciado e que em palavras como quente e guitarra esta mesma vogal é muda, ou seja, não é proferida.


O trema – o fim dos pingos na letra “u”! 

Só há um caso em que o trema é conservado: em palavras de nomes próprios estrangeiros e derivados, como: Hübner, mülleriano, Müller, etc.

Logo, não há porque ficarmos tristes ou consternados pela exclusão do trema, afinal, nossos alunos ou filhos escreverão sem o sinal, mas falarão como se o mesmo estivesse lá!

Claro, porque mais uma vez vale lembrar: a pronúncia continua a mesma, a única coisa que mudou foi a grafia das palavras!!!

Assim, os pequenos que vão aprender ou já aprenderam terão facilidade em se adaptar, já que a fala permanece igual. Ainda podem achar até mais fácil, pois não precisa mais colocar os “pinguinhos”!

O importante é professores e pais passarem estas mudanças de forma tranquila, apontando os pontos positivos, para que todos passem por este período sem desânimo e sem trauma!

 

Pronúncia

Há certos verbos que se diferenciam no acento: os terminados em guar, quar ou quir.

Dependendo da conjugação que estes se encontram, a tonicidade altera e, consequentemente, a pronúncia.

Assim, quando a e i forem tônicas, ou seja, pronunciadas com mais força na palavra, deverão ser acentuadas graficamente: averíguo, averígua, averíguam, averíguem; enxáguo, enxágua, enxágues, enxáguem; delínquo, delínquem, delínqua, delínquam.

No entanto, se for o u a ser pronunciado com maior intensidade, ou seja, se for tônico, não será mais acentuado de forma gráfica, apenas foneticamente: averiguo, averigua, averiguam, averiguem; enxaguo, enxagua, enxague, enxaguem; delinquo, delinquem, delinqua, delinquam.

Fique atento: o acento agudo foi retirado da vogal u dos verbos aguir e redarguir e em nenhuma forma é mais utilizado: arguo, arguis, argui, arguem; argua arguas, argua, arguam.