Cartografia

A produção de mapas ocorre desde a pré-história, antes mesmo do surgimento da escrita. Sua confecção se dava em placas de argila suméria e papiros egípcios. Ao longo da história a cartografia foi evoluindo e desenvolvendo novas técnicas e, atualmente, é uma ferramenta de fundamental importância nas representações de áreas terrestres.

Conforme a Associação Cartográfica Internacional, a cartografia é definida como o conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas baseado nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, com vistas à elaboração e preparação de cartas, planos e outras formas de expressão, bem como sua utilização.

A cartografia é a junção de ciência e arte, com o objetivo de representar graficamente, em mapas, as especificidades de uma determinada área geográfica.

É ciência, pois a confecção de um mapa necessita de conhecimentos específicos para a representação de aspectos naturais e artificiais, aplicação de operações de campo e laboratório, metodologia de trabalho e conhecimento técnico para a obtenção de um trabalho eficaz.

A arte na cartografia está presente em aspectos estéticos, pois o mapa é um documento que precisa obedecer a um padrão de organização. Necessita de distribuição organizada de seus elementos, como: traços, símbolos, cores, letreiros, legendas, título, margens, etc. As cores devem apresentar harmonia e estar de acordo com sua especificação, exemplo, a cor azul em um mapa representa água.

O mapa é o principal objeto do cartógrafo, ele é uma representação convencional da superfície terrestre, e até de outros astros, como a Lua, Marte, etc. Apresenta simbologia própria e deve ser sempre objetivo, além de transmitir o máximo de precisão.

Existem vários modelos de mapas, entre eles podem ser citados: Mapa-múndi; mapas topográficos; mapas geográficos que representam grandes regiões, países ou contingentes; mapas políticos; mapas urbanos; mapas econômicos; cartas náuticas e aéreas; entre outros.

A escala dos mapas

Mapas são representações gráficas de uma área real, são de extrema importância para a sociedade e, especialmente, para determinados profissionais, como Geógrafos, Geólogos, Agrônomos, Engenheiros, Biólogos, Cartógrafos, dentre outros.

Um mapa pode possuir níveis distintos de abrangência, de modo que podemos mapear o mundo, continentes ou partes deles, países, regiões, Estados ou mesmo ruas. Todas as vezes que visualizamos um mapa, independentemente do seu tema (mapa político, físico, histórico, econômico), podemos saber a distância real que há entre dois pontos ou o tamanho de uma área. Isso é possível por meio da verificação da escala disposta nos mapas.

Escala é variação de proporção de uma área a ser mapeada, quem a determina é o responsável pela elaboração do mapa.

Exemplo prático:

Quando se tem a intenção de construir um mapa de um espaço, de maneira que represente fielmente as medidas reais do mesmo, pode-se seguir o princípio do exemplo abaixo:

Se uma sala de aula possui 5 metros de largura por 5 metros de comprimento, a mesma pode ser representada da seguinte forma: se estabelece que cada centímetro no papel equivale a 1 metro ou 100 centímetros no real. Desse modo, a escala produzida é 1:100 (1cm: 100cm) ou 1/100 (1cm/100cm).

Basicamente existem dois tipos de escalas ou duas formas de representação da escala: escala gráfica e escala numérica.

Escala gráfica: é representada por uma linha estabelecida no sentido horizontal que contém divisões precisas entre seus pontos. Na mesma se expõe as distâncias que existem na superfície real.


A escala representa que cada centímetro no papel corresponde a 3 km na superfície real.

Escala numérica: exposta no mapa em forma fracionária, sendo que o numerador representa a medida no mapa e o denominador a medida da superfície real.


O mapa de Portugal traz consigo uma escala numérica.

 

Curva de nível

Curva de nível é o nome usado para designar uma linha imaginária que agrupa dois pontos que possuem a mesma altitude. Por meio dela são confeccionados os mapas topográficos, pois a partir da observação o técnico pode interpretar suas informações através de uma visão tridimensional do relevo.

Uma curva de nível refere-se a curvas altimétricas ou linhas isoípsas (ligam pontos de mesma altitude), essa é a mais eficiente maneira de representar as irregularidades da superfície terrestre (relevo).


As linhas acima são curvas de níveis. Relevos de maiores altitudes possuem curvas de níveis mais próximas umas da outras, enquanto que as mais distantes representam terrenos mais planos.

A partir da visualização de uma curva de nível é possível identificar se o relevo de uma determinada área é acidentado, plano, montanhoso, íngreme e etc. Diante dessa afirmação, percebe-se que a configuração das linhas são determinadas pelas características do relevo da área mapeada.

Mapa e as novas tecnologias

Os mapas são importantes instrumentos para o desenvolvimento de várias ciências e profissões, disciplinas como Geografia, História e Ciências não podem ser executadas sem a utilização desse recurso. Para estabelecer sua importância faz-se necessário a verificação do que significa o mapa.

Os mapas são representações elaboradas em uma superfície plana (por exemplo, o papel) com linhas imaginárias abordando diferentes temáticas (aspectos físicos, históricos, geopolíticos, econômicos, entre dezenas de outros) e toda superfície terrestre do que existe no real, a partir das informações é possível analisar os dados sem realizar visita de campo.

A partir dos mapas podemos realizar estudos de todos os aspectos da natureza, relações econômicas, além da configuração de como está estruturado o espaço geográfico, e todas as interações entre o homem e a natureza.

No decorrer da história os mapas tiveram grandes participações, principalmente no início das navegações européias, pois através das viagens muitos continentes foram descobertos e posteriormente explorados e habitados, fatos que marcaram o começo da Cartografia Moderna.

No período das grandes navegações era coletada uma série de informações, dados retirados a partir da descrição dos lugares onde passavam, tais como baías, enseadas, montanhas, rios, clima, dentre outros, além de noções de distâncias, extensões, altitudes, latitudes, e posteriormente as informações eram repassadas aos cartógrafos que elaboravam os mapas, aperfeiçoando cada vez mais a precisão dos dados.

Os mapas atuais demonstram dados estritamente precisos sobre praticamente todos os lugares do mundo, por mais que as condições sejam adversas, isso se tornou possível através da utilização de modernos instrumentos, específicos para realização de trabalhos cartográficos.

Os principais instrumentos usados na composição cartográfica são: bússola (criada pelos chineses há 1.800 anos), astrolábio e o quadrante (usados nas grandes navegações, as informações apresentadas nesse tipo mapa representavam de forma precisa informações sobre os litorais), sextante (criado no século XVIII pelos ingleses), o moderno sensoriamento remoto (obtenção de informações através de sensores acoplados em aviões, satélites e balões), foto aérea (são fotos extraídas por meio de câmeras fotográficas fixadas em aviões) e imagens de satélite (produzidas por satélite).

 

Mapas

O interesse e a necessidade de compreender o mundo e suas riquezas motivaram o homem a criar formas de representar os principais aspectos gerais dos mais diferentes tipos de paisagens e lugares seja natural ou construído.

A partir dessa necessidade teve inicio o processo de registros em forma de desenhos e escritos gráficos, em um primeiro momento os dados eram inseridos em objetos simples como madeira, cerâmica, pergaminho e posteriormente o papel.

Com essa prática surgiu a cartografia que corresponde a um ramo da geografia que tem como objetivo reunir um conjunto de técnicas, métodos e arte destinados à elaboração de mapas.

Os mapas correspondem a uma representação gráfica de um espaço real, em uma superfície plana, como um papel. Em um mapa é possível representar diferentes lugares do planeta, partindo do particular como um bairro, cidade ou estado e geral como um país, continente ou o mapa mundi. Os mapas são temáticos e são elaborados de acordo com a abordagem do estudo, dentre os vários tipos existentes os principais são Mapa Político (no caso de estado apresenta o nome do mesmo e sua capital), Mapa Físico (realiza o mapeamento dos recursos naturais como vegetação, hidrografia e relevo) e Mapa Histórico (mapeamento de acontecimentos históricos como o Tratado de Tordesilhas).

A partir da visualização de um mapa é possível realizar uma análise de regiões de nosso convívio ou lugares muito distantes, mas que apesar disso podemos conhecer outras realidades em distintos temas como população, clima, economia entre outras.

O nível de eficiência do trabalho cartográfico é proveniente de todas as evoluções tecnológicas ao qual a sociedade vem atravessando, principalmente nos últimos dez anos.

A precisão dos mapas atuais é provocada pela quantidade de tecnologia utilizada para coleta de dados, no qual são adquiridas através de fotografias aéreas, imagens de satélites e radares, além de informações oriundas de pesquisa de campo que produz um trabalho com maior riqueza de detalhes.

As fotografias aéreas correspondem a um recurso usado para coleta de dados de uma determinada área que se pretende mapear, assim para conceber tais informações são acopladas câmeras especiais a bordo de aviões que fotografam os aspectos da área em questão.

A fotografia aérea já se tornou um processo antigo comparado as imagens de satélites, no entanto, configura como um importante instrumento no processo de criação de mapas, pois possibilita a retirada de dados precisos e com grandeza de detalhes.

Em 1903 foi realizada uma das primeiras fotografias aéreas, quem promoveu esse feito foi o fotografo alemão Julius Neubronner quando fixou pequenas maquinas fotográficas em pombos.

As imagens de satélites são obtidas a partir de satélites que giram em torno da Terra, os sensores fixados nesses retêm energia emitida pela superfície terrestre reproduzindo em forma de imagens que são importantes fontes de dados para criação de mapas.

A partir das imagens de satélite é possível promover medidas de planejamento para antecipar o crescimento urbano, além de conhecer os problemas ambientais e na proteção de florestas. As imagens de satélites permitem ainda identificar reservas de minérios e auxiliar nos serviços meteorológicos.

Mapas Temáticos

Mapas são representações gráficas feitas geralmente em uma superfície plana (como papel), com a finalidade de apresentar informações da realidade; eles fazem parte da humanidade desde os tempos remotos.

Essas representações do espaço geográfico se tornaram mais difundidas a partir da necessidade de tornar o trajeto das viagens mais seguro, como as caravanas mercantis, por exemplo.

Praticamente todas as características do espaço geográfico podem ser representadas em um mapa. No entanto, tais características não podem ser colocadas em uma única carta cartográfica, pois sua compreensão fica confusa e comprometida. Diante disso, os cartógrafos criaram mapas que abordam temas específicos, dando origem aos mapas temáticos. São eles: mapa político, físico, econômico e histórico.

Mapa Político: esse tipo de representação tem como objetivo explicitar as divisões territoriais, ou seja, as fronteiras entre continentes, países, Estados e até municípios, enfatizando que as mesmas são criações humanas. Nesse tipo de mapa, é comum encontrarmos símbolos, como linha ( — ), para demonstrar fronteiras; e ponto ( • ), para indicar cidades.


Mapa político do Brasil representando as regiões, Estados e capitais.

Mapa Físico: são elaborados para informar aspectos naturais (relevo, clima, vegetação, hidrografia) de um determinado continente, subcontinente, país, Estado e município.


Mapa físico que traz informações sobre o relevo da América do Sul.

Mapas Econômicos: representação cartográfica criada para informar as riquezas de um determinado lugar (continente, subcontinente, país, Estado e município). Expressam onde estão localizadas as principais jazidas minerais, além de informar sobre as produções agropecuárias, industriais e de serviços.


Mapa econômico que mostra a produção de algodão herbáceo em distintos pontos do Brasil.

Mapas Históricos: tipo de representação cartográfica que informa sobre aspectos que aconteceram no passado, como por exemplo, a floresta Amazônica em 1970, a expansão de um território sobre o outro em períodos de expansionismo espacial, entre outros.

Projeções Cartográficas

As projeções cartográficas permitem representar a superfície esférica da Terra em um plano, ou seja, no mapa; elas são a base para a confecção de um mapa, constituindo uma rede sistemática de paralelos e meridianos, permitindo que esses sejam desenhados.

As representações da superfície terrestre em mapas apresentam algumas distorções. As diferentes projeções cartográficas foram desenvolvidas com o intuito de minimizar as distorções ocorridas durante a produção de um mapa e, principalmente, fazer com que essas distorções sejam conhecidas. Mas nenhuma delas é capaz de evitar a totalidade das deformações.

As principais projeções cartográficas são:

Projeção Cilíndrica: O plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera terrestre. Após realizada a projeção dos paralelos e meridianos do globo para o cilindro, este é aberto ao longo de um meridiano, tornando-se um plano sobre o qual será desenhado o mapa.


Projeção Cilíndrica

Projeção Cônica: O plano da projeção é um cone envolvendo a esfera terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos e os meridianos retos convergem para o polo.


Projeção Cônica

Projeção Plana ou Azimutal: O plano da projeção é um plano tangente à esfera terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos e os meridianos retos irradiam-se do polo.


Projeção Plana ou Azimutal

Existem também as projeções:

Projeção de Mercator: Conserva os ângulos verdadeiros. Muito utilizada para navegação marítima e aeronáutica.

Projeção de Peters: Projeção cilíndrica equivalente. Conserva a proporcionalidade das áreas.

Projeção de Hölzel: Apresenta contorno em elipse proporcionando uma ideia aproximada da forma esférica da Terra com achatamento dos polos.

Projeção Azimutal Equidistante Polar: O polo norte é o centro do mapa e a partir dele as distâncias estão em escala verdadeira, bem com os ângulos azimutais.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia